Descobrir a Guarda
Itinerário II
Roteiros Turísticos
Saia da Praça Luís de Camões e entre na Rua Direita como toda a gente diz, ou Francisco de Passos, como indica a placa. Um conjunto de pequenos restaurantes oferecem excelentes pratos regionais; pequenos e variados estabelecimentos comerciais explicam o movimento permanente. Via central da urbe medieval, unia a porta norte à porta sul; as casas são de granito, multicentenárias e dizem histórias da velha cidade. Num prédio do séc. XVI, atente na janela Renascentista, A Janela Renascentista surge num edifício, que há mais de quinhentos anos, foi Paço Episcopal, onde viveu o Bispo D. Álvaro Chaves. Trata-se de um belo exemplar de decoração renascentista, com uma cuidada escultura do granito envolvendo toda a janela. A decoração desta janela é muito próxima daquela que podemos encontrar no portal da Capela dos Pinas, no interior da Sé, sugerindo uma época de realização semelhante. Repare nos motivos manuelinos: peixes, sereias, flores-de-lis, anjos... numa delicadeza de traço que, no granito, parece impossível. No alto, o remate trilobado encimado por esferas e argolas, é ao gosto florentino. Encontra-se em pleno Centro Histórico. Deambule pelas ruelas. Entre na Rua D. Sancho I, à direita. Visite a Casa das Chaves do Bandarra. No interior, num arco, inscrições estranhas pedem descodificação, a quem souber… Zona da judiaria, seria porta da Sinagoga?... No edifício com o número 9 e 13, teriam lugar os encontros de amores Reais entre D. João I e Inês Fernandes, filha do judeu Mem ou Mendo, o Barbadão. No Largo de S. Vicente, sobressai a Igreja de S. Vicente. Localizada no interior das muralhas medievais e referida nas fontes escritas desde o século XIII, a Igreja de S. Vicente que hoje podemos admirar é uma reconstrução, inserida no estilo barroco, promovida pelo bispo D. Jerónimo Rogado de Carvalhal e Silva, em pleno século XVIII. A fachada principal, ladeada por duas torres sineiras, é rasgada ao centro pelo portal em arco abatido, sobreposto pelo janelão do coro-alto e pela pedra de armas do bispo. No interior desta Igreja, de planta longitudinal, é de realçar o extraordinário trabalho azulejar, azul e branco, com molduras policromas, com figurações de cenas de Nossa Senhora e da vida de Cristo. Os edifícios envolventes- quinhentistas e seiscentistas - alguns têm pátios, poços interiores; vêem-se em muitos, gárgulas de canhão. O granito é soberano. Continue pela Rua de S. Vicente: no extremo, oferecem-se restos da muralha e a Porta d´El Rei O sistema defensivo medieval da Guarda contemplava vastos panos de muralha rasgados, ciclicamente, por portas monumentais. Esta porta, datável dos finais do século XIII, permitia o acesso entre um pequeno arrabalde e o interior da cidade, destacando-se nas proximidades o bairro judaico. Estava assim, estrategicamente, localizada face ao arranque das grandes vias de circulação que punham a cidade em contacto direto com o exterior. No Caso da Porta d’El Rei daqui partia a legendária Estrada da Beira, uma das grandes vias de Portugal da Idade Média e da Idade Moderna, atravessando o vale do Mondego até Celorico da Beira, e depois ligava a Coimbra e à capital do reino, Lisboa. A presença judaica na Guarda está documentada desde o século XIII e seria uma das mais importantes da Beira Interior ao longo de toda a Idade Média. Localizava-se na Paróquia de S. Vicente, no interior do perímetro amuralhado, próximo dos principais eixos viários da cidade medieval, nomeadamente, a Rua de S. Vicente, a antiga Rua Direita e o Largo de S. Vicente, locais de grande circulação, que permitiam e facilitavam o desenvolvimento da atividade comercial dos membros desta comunidade. Uma das referências mais importantes era a Sinagoga, instalada numa habitação arrendada ao monarca. Ao longo dos séculos XIV e XV a judiaria foi crescendo para poente, até que com a promulgação do Édito de Expulsão de 1496, a comunidade judaica que aqui vivia teve de optar pela saída do reino ou pela aparente, conversão ao cristianismo. Suba até ao Largo do Torreão: oferece-lhe um miradouro sobre uma parte da nova cidade. Desça a Rua do Torreão até ao Largo do Paço do Biu (designação enigmática, que ninguém decifrou). Aprecie o Passo da Paixão, em granito, encimado por uma cruz e uma concha, onde na semana Santa era colocado um quadro alusivo à Via Sacra. Entre as casas de granito com gárgulas em canhão e portas em arco, destaca-se o Solar dos Condes da Guarda. Prosseguindo encontrará a Porta da Erva. A Porta da Erva, também conhecida como Porta da Estrela, faz parte do sistema defensivo da cidade, e a sua construção remontará ao século XIII. Apresenta como curiosidade arquitetónica a diferença entre os perfis externos e internos, ou seja, a forma dos arcos, um apontado e outro de volta perfeita. Nos finais da Idade Média, com o início da utilização de armas de fogo, o pano de muralha onde esta porta se incorpora foi reforçada com uma barbacã, um pano de muralha mais baixo e robusto que permitia uma melhor defesa dos alicerces do sistema defensivo.